Após entrar em uma faculdade, arrumar um emprego e planejar uma vida a dois com meu noivo, a última coisa que poderia me passar pela cabeça seria voltar aos bancos de um cursinho pré-vestibular para fazer cursinho novamente.
Pois ora, vejam só: a crise veio ao mundo novamente, atingiu a todos nós, combinou particularmente no meu caso com crises menores familiares, minha faculdade é particular e minha empresa não oferece nenhuma assistência para que eu continue os estudos. Como eu não estudei em escola pública no meu longínquo ensino médio (já se vão dez anos), restaram-me poucas alternativas: fazer um empréstimo, fosse em alguma instituição financeira ou incomodando os parentes e amigos, passando pela mesma crise que eu; ou transferir os estudos para uma faculdade pública. Optei pela segunda opção.
A única pública que oferece meu curso na minha cidade, portanto sem comprometer meu emprego, é a USP, mas desde o ano passado só oferece transferência no período da tarde, mesmo possuindo o curso no período noturno também. Ou seja, não adiantava nada. Mesmo que eu passasse, não poderia cursar sem abrir mão do meu emprego.
Restou-me então, um desafio monstruoso: conseguiria eu, depois de dez anos de conclusão do colégio (um pouco mais), encarar novamente o vestibular na USP para o curso noturno, e entrar com um pedido de aproveitamento de matérias para eliminar ao máximo o que já estudei? Faltando apenas 75 dias para as provas de 1ª fase? Resolvi arriscar.
Conversei com os professores da faculdade, que me apoiaram a decisão, e fui para um cursinho pré-vestibular. No começo fiquei em pânico. Achei que iria rever matérias conhecidas. Não é verdade. O mundo mudou quase completamente desde que saí do colégio.
Eu havia me focado tanto na minha área de competência que esqueci que do lado de fora da minha área específica existia um mundo. Sempre quis viajar pelo mundo todo. Espero um dia realizar este sonho. Mas esqueci que ele está vivendo, completamente indiferente ao meu sonho, e que eu não posso ignorá-lo. O mapa do mundo mudou muito. Os povos, a política, até a Biologia mudou nomenclaturas e divisões na Biologia Vegetal, que eu não esperava. E para 2010, já temos a Revisão Ortográfica.
Aos poucos, fui deixando aquela cara de "ET" e de "tia" do cursinho e me sentindo um pouco mais humanizada. Me sentia como o Fabiano de Vidas Secas.
Não posso dizer que hoje já sei o suficiente para gabaritar uma prova, mas voltei a me sentir uma pessoa inserida na sociedade. Mais do que preparar para o vestibular, os professores do cursinho preparam para a vida. Fiz a 1ª fase e consegui acertar exatamente a metade da prova (45 de 90 questões). Não fiz ENEM, não tenho direito ao INCLUSP. Prova limpa.
Não posso dizer com certeza nem que passei nem que não passei para a segunda fase. Fiz as contas. A nota de corte ano passado para a carreira foi de 43 pontos. Praticamente o mesmo número de candidatos se inscreveram este ano. Só Deus sabe a resposta.
Mas, mesmo que eu não passe, (pior dos cenários) já resolvi que vou insistir e estudar mais um ano. Eu também fiz uma segunda conta. A de quanto estou investindo na minha educação. E em tempos de crise, ela está fazendo falta. Este dinheiro pode ser investido e me salvar em outras situações, sem comprometer meus estudos em uma pública. Uma outra alternativa bastante atraente, que apareceu agora e abre inscrições amanhã, é a da UFSCAR: Ensino a Distância. Vou fazer o vestibular também, para o mesmo curso.
A USP está facilitando ao máximo o ingresso dos alunos de escola pública, também. Aumenta a nota destes de todas as maneiras. Além de somar a nota do ENEM, chega a aumentar em até 12% a nota dos ingressantes de escola pública que optam pelo pacote denominado INCLUSP. Provavelmente, uma pessoa que tenha alcançado a mesma pontuação que eu e seja adepto do INCLUSP, aumentará sua nota para 50,4 (45 + 12%). Se for adepto do ENEM e tiver alcançado nesta outra prova, digamos, 70 pontos, aumentará sua nota para 50 pontos (4xFuvest +1xEnem)/5.
Exemplo de questão da FUVEST (prova V):
58 Considere os átomos de carbono de uma molécula de
amido armazenada na semente de uma árvore. O carbono
volta ao ambiente, na forma inorgânica, se o amido for
a) usado diretamente como substrato da respiração pelo
embrião da planta ou por um herbívoro.
b) digerido e a glicose resultante for usada na respiração
pelo embrião da planta ou por um herbívoro.
c) digerido pelo embrião da planta e a glicose resultante
for usada como substrato da fotossíntese.
d) digerido por um herbívoro e a glicose resultante for
usada na síntese de substâncias de reserva.
e) usado diretamente como substrato da fotossíntese
pelo embrião da planta.
Embatucou???
O gabarito é a alternativa B.
Abraço da
***Anita***